quarta-feira, 21 de abril de 2010

A passagem sobre ou sob a BR 116



Rodovias brasileiras e os novos cenários


O clima tem se mostrado severo. Sem muito aviso acontecem chuvas violentíssimas e inundações terríveis.

Nossas rodovias, como qualquer outra, são represas, diques sem regulação, sem dispositivos previstos e preparados e operacionais para se evitar o agravamento das enchentes. Aliás, pouquíssimas cidades e estados brasileiros possuem estudos e obras contra cheias. O fim do DNOS foi uma tragédia que significou muita destruição e mortes pela falta de cultura técnica organizada e poder de regulação de obras.

Agravando o drama nacional (não a novela das oito que começa às 9 horas) o BNH desapareceu e por algumas décadas pouco se fez para a viabilização da moradia para pessoas de baixa renda.

Pior ainda, as estratégias de industrialização atraíram milhões de brasileiros para as maiores cidades. Brasileiros totalmente despreparados para viverem em meio urbano, criando favelas nos terrenos menos protegidos e baldios que encontraram, ou seja, áreas de fundo de vale, de preservação ambiental, faixas de servidão e muitas regiões junto a rodovias e ferrovias antigas.

Assim temos, por exemplo, a Vila Zumbi , ao lado da BR 116, município de Colombo, exposta a cheias se o sistema de bombeamento não funcionar. Seus custos (só o de energia elétrica para as bombas é muito dinheiro) e as muitas vidas que se perderam em atropelamentos certamente teriam viabilizado trincheiras naquela região, facilitando a vida dos motoristas e salvando gente, crianças, principalmente, que não têm preço, gente nossa.

E a maioria das nossas vilas mais pobres está ao lado de ferrovias e rodovias , sem calçadas bem feitas, ruas mal pavimentadas, induzindo seus moradores a caminhar ao longo das estradas de ferro e de asfalto. Algumas pontes mal comportam uma pessoa caminhando na lateral, gente disputando espaço com caminhões e automóveis que competem em peso e velocidade e na má educação de muitos motoristas.

Precisamos de novas lógicas de projeto e menos preocupação com o custo dessas obras. Nossos prefeitos, governadores e presidente da República devem anunciar obras bem feitas e não contá-las para colocar em suas propagandas, dizendo que fizeram tantas obras, km ou coisas assim, desprezando indicadores de qualidade e segurança.

Vamos ter eleições, será confortador ver e ouvir ao final dos próximos mandatos que as taxas de acidentes, atropelamentos, alagamentos, de moradias improvisadas, de analfabetismo, violência, de falta de formação profissional etc. (vide Indicadores do Milênio ) atingiram níveis de países desenvolvidos.

Parece-nos que a propaganda fica via Banco Central com sua visão míope de Brasil. Algo está errado por lá e outros ministérios que não conseguem dar os passos mais do que necessários ao nosso desenvolvimento sadio. Se no Governo Federal temos problemas, nos municípios a coisa é pior ainda. Nos estados desconfiamos que as prioridades sejam equivocadas completando de maneira ruim para nosso povo um quadro que desmoraliza nossa democracia, nossa imagem diante de qualquer nação melhor.

A Vila Zumbi é um exemplo de muitos esforços de Estado e Prefeitura que careceram, entretanto, de poucos projetos para serem bem mostrados. Em outros lugares falta muito mais. É o momento de discutirmos e aprimorarmos nossas ações de Governo, aproveitando o clima eleitoral para cobrar dos candidatos propostas, compromissos e seriedade.

Não queremos sustentar fantasmas nem hospitais dentro das Assembléias, mas sentir preocupação real com o nosso povo e ações efetivas a favor dos brasileiros, principalmente aqueles deserdados por uma política econômica e “social” mais do que equivocada, cruel, injusta.

Coisas simples podem e devem ser feitas com urgência, tais como trincheiras e viadutos sob/sobre as rodovias e ferrovias que cruzam a Região Metropolitana de Curitiba.

Cascaes
21.4.2010


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